Bar Diahgan

Olho para quem acabara de chegar. Seco as lagrimas lembrando de Mamãe e Qri, as duas haviam morrido com um sorriso no rosto, acho que elas querem que eu continue sorrindo, sempre.
Me aproximo da pessoa que ali estava a tão pouco.
- Olá senhor - sorrio - prazer meu nome é Konda, posso saber seu nome?
Inclino um pouco a cabeça para o lado.

Reparo que Jash não possui calças.
- S-Senhor, suas calças, digo, suas não calças...
Fico meio confuso e constrangido naquele momento, abaixo a cabeça, cobrindo os olhos com a franja.

Ergo a cabeça tentando manter os olhos fixos no dele.
- Já vi milhões de criaturas diferentes, mas um Naga? Acho que é a primeira vez.
O constrangimento some e um sorriso aparece em meu rosto.

- Não me importo, duvido que você me fará algum mal sem eu ter te feito nada.
O sorriso continua em meu rosto.

O arco que ainda estava em minha mão pelo incidente ocorrido a pouco, vai parar em minhas costas. Entro novamente no bar, sentando em um banco e terminando o suco de amora que havia deixado pela metade ali.

Chego caminhando silenciosamente no bar. O bloquinho estava em minhas mãos, onde desenhava os detalhes do lugar. Suspirei, sentando-me em uma mesa perto da janela. Fitando o bloquinho de papel.

Após terminar o suco, me viro para ver quem ali estava, quando me deparo com alguém que eu não imaginava encontrar, o copo de vidro cai de minha mão, fazendo um estralo no chão.
- A-Annie!?
Minha pulsação fazia meu corpo tremer no ritmo que meu coração batia.
As memórias de uma carta deixada no passado, voltam como um jogo de palavras que se embaralhavam em minha mente conturbada naquele momento.

Escuto meu nome ser chamado e levanto o olhar levemente, com o rosto meio vermelho por alguém ali saber meu nome.

Pego o bloquinho de papel, - havia desacostumado a falar novamente, - escrevendo rapidamente em um letra caprichosa:

" Quem me chama?"

Me levanto do banco, indo em direção a Annie sem ligar para os cacos de vidros que haviam no chão.
- Annie, sou eu, Konda.

Travo no lugar, com os olhos fixados no bloquinho, arregalados.

As palavras do garoto repetiam incessantes em meus ouvidos, levantei a mão, rabiscando, trêmula:

"Konda... Nushira Konda...?"

Abraço Annie com força. Fico mudo sem conseguir pronunciar uma palavra.

Fico imóvel, olhando para o tecido da blusa que o garoto usava. Meus braços pendiam, e meus olhos continuavam arregalados.

Respiro fundo, solto Annie dando um passo para trás.
- Porque fez aquilo? Sumiu sem dar motivos. Annie, porque?
Os olhos cheios de lagrimas se seguravam pra não despejar o choro.

Minhas mãos tremiam com violência enquanto escrevia no bloquinho, a letra até então caprichosa se tornara tremida, estendi a folha:

"Você não entenderia. Nem você, nem o Dan. Você sabe que precisei fazer aquilo sumir."

Ainda sem entender o motivo, insisto, até ter uma resposta concreta.
- Annie, me conte tudo, eu quero saber realmente, o que de fato aconteceu?
Tremulo me sento em uma das mesas, fitando os sapatos da garota.

" Eu já disse que você não entenderia! Não insista! Eu não podia ficar lá!"

Rabisquei furiosamente, com o rosto corado e os olhos já mareados.

- Me explique, mesmo que eu não vá entender. - Digo num tom de voz um pouco mais alto.
As lagrimas começam a descer.

"Não me force a falar... Você sabe o porque... Estava na carta..."

Rabiscava o bloquinho com velocidade e tremendo, sentei-me pois senti que logo minhas pernas cederiam.

- E-Eu quero que você me diga, com suas palavras, com sua voz, tudo que estava naquela carta.
Ergo a cabeça, olhando profundamente em seus olhos.