Floresta de Pinheiros

Vejo o ritual esquisito da garota e decido ignorar ao escutar sua pergunta:
- Estou bem. E você? - "Merda, agora terei que dividir o urso com essa daí" penso, enquanto retribuo seu cumprimento.
Meu vestido havia se sujado um pouco com o sangue e eu me decepciono - Que merda... - murmuro, para que a menina não escute.
Aproximo-me do ladrão desmaiado sem esperar pela resposta da garota. "Tiger, seu inútil".
- Pode me ajudar à levantá-lo, por favor? - pergunto, gentilmente - Quero levá-lo até aquela árvore para que ele descanse - aponto para uma árvore próxima.

Respondo positivamente com a cabeça a pergunta da garota que não parecia nem um pouco se importar. Aproximo-me e observo a mesma indo em direção ao rapaz desmaiado no chão.
- Claro, mas tenho uma pequena condição, ok? - Retribuo seu sorriso gentil com um certo tom irônico disfarçado. Não fui muito com a cara dessa garota. Me precipitei a compará-la com Victorique. - Você poderia me dizer quem é você, não? Sabe, apenas formalidades.

"Metida. Do que te importa quem sou? Apenas siga com o plano, Assistente Azeda" penso.
- Prazer, Alice... E você, quem é? - digo, enquanto encaixo meus braços entre o garoto, levantando uma parte de seu corpo - Fique com as pernas - peço, esperando que ela o pegue antes que eu canse os braços.

- Eu sou Win. - Digo.
Seguro as pernas do rapaz e ajudo Alice (Minha mais nova "amiguinha" super interessante) a levá-lo até a árvore que ela pretendia colocá-lo.

- Belo nome - elogio, mesmo que não estivesse o achando tão belo assim - Precisamos prepará-lo para comer... - digo - Pode procurar por lenha enquanto eu cuido dele, por favor? Ele é meu irmão pela parte de pai, ficaria muito preocupado se acordasse e não me visse, encontrando uma desconhecida em meu lugar - minto, com cara de quem realmente se importaria com esse cara.
"Seria uma completa falta de educação se você recusasse, não é mesmo, querida Win?" ironizo mentalmente.

- Hum... Eu procuro a lenha e você arranca as tripas do urso, certo? O urso não está tão longe - aponto para a fera morta. - Seu irmão irá avistá-la e não se sentirá preocupado e sim feliz por você ter conseguido um banquete. - Digo e corro para a floresta rapidamente para buscar a lenha e não dar chance de resposta. - Boa sorte! - Grito já distante.
"Garota, garota. Não brinque comigo." - Penso satisfeita.

"Se eu continuar com o teatro e, mesmo que a enrole, fizer ela fazer isso por mim, com certeza terei problemas futuros, levando em conta que ela já não parece gostar de minhas encenações" penso.
- "Não dá para ganhar sempre, Alice" é o que diria o papai - murmuro, enquanto preparo o urso. Termino rápido, mesmo que tenha feito um bom trabalho - Parece apetitoso - digo, satisfeita com o resultado.
"Terminei antes dela voltar, ha ha" vanglorio-me, sentando novamente ao lado do ladrão desmaiado, esperando por sua volta, então passo a enrolar meus cabelos para passar o tempo "Achar lenha é tão difícil assim ou ela é inútil mesmo? ".

Chego com um monte de lenha em meus braços e avisto Alice já com a carne preparada. Pelo jeito ela não é tão inútil quanto parece.
- Parece apetitoso. - DIgo jogando a lenha no chão. - Agora é só conseguir fazer o fogo. Você sabe fazer ou quer que eu faça? - Digo sentando-me no chão.

"É claro que eu sei, mas quero que você faça, Assistente".
- Oh, não sei não, desculpe - faço uma carinha 'meiga' - Você faria a gentileza? - indago.

- Hun? É mesmo Alice? Deveria aprender então. - Sorrio para ela e começo o preparo do fogo. Alguns minutos depois ele está pronto. Finco dois grandes gravetos (com a ajuda de pedras) no leste e no oeste da fogueira como haste para o graveto que afiei com a minha foice. Coloco a carne no "espeto" e ponho logo em seguida para assar sobre o fogo.

Espero até que a carne esteja com uma aparência boa e, usando um graveto como "garfo", passo a come-la.
- Nada mal... - comento.
Olho para trás e percebo o Ladrão ainda adormecido, "Que vagabundo" penso.

Faço o mesmo que Alice: Pego um graveto e o uso como "garfo" e começo a comê-la. Observo a garota olhar o seu suposto irmão desmaiado.
- Estranho ele não ter acordado ainda. - Digo enquanto mordiscava o pedaço de carne.

Acordo atordoado após o tombo do urso e vejo o local com o animal morto, Alice e uma nova garota, estavam comendo o urso próximas a uma fogueira.
- Ahm, oi?

- Olá, maninho! Que bom que acordou, pegue um pouco de carne - finjo gentileza, dando uma piscadela para ele entender a dica - Esta é Win, ela ajudou a matar a fera - apresento a garota a ele.

Observo a fala de Alice.
- Olá, rapaz. - Digo me levantando e pegando um dos pedaços da carne. - Foi bom ver vocês. Adeus. - E adentro a floresta indo embora.

Observo tudo ainda confuso, me levanto e vou lentamente próximo a fogueira para pegar a carne e vejo Win dando tchau.
- H-Hey, espere ai! Tudo bem?
Pego a carne e começo a mastigar.

"Pelo menos ele não estragou o negócio de irmãos..." penso.
- Aonde vai, Win? - indago, como se me importasse.

Paro e viro-me.
- Quer saber, garotinha? Pare com esse seu teatrinho sínico e medíocre. - Disse e me apoiei em minha foice. - Ahn, eu estou bem garoto e eu sei que você não é meio-irmão dessa daí. - Disse com um sorriso. - Agora, podemos falar francamente ou vão continuar com essa mesmice?

Fico observando sem entender porem tento entender rapidamente a situação.
- Claro que não sou meio irmão! Somos irmãos mesmo.
Dizia fitando a garota, procurando alguma bolsa ou pochete para rouba-lá se tivesse algo e termino de comer o meu pedaço de carne.

"Essa daí pirou" penso, calma.
- Você não gosta de mim? - pergunto, rindo ironicamente em seguida - Sinto muito se algo que eu fiz lhe incomodou, mas não meta meu irmão nisto - cruzo os braços, terminando de comer.
"Tiger provavelmente pretende roubá-la, não quero ajudar, mas fazer algum movimento brusco no momento é arriscado".

Pigarreio.
- Expliquem-me uma coisa então. - Fitei os dois, - Se vocês realmente são irmãos: Por que, Alice, você disse que vocês eram meio-irmãos por parte de pai? - Digo e noto o quanto o garoto me encarava. - E eu sei o que está fazendo rapaz. Minha mãe era uma ladra e me ensinou certas coisas sobre certos truques e técnicas.

- Somos irmãos, não importa se é parte de pai ou mãe, de sangue ou não, somos e pronto! - Escuto sua 2 fala e respondo - Claro, claro... E você estaria falando do que exatamente? Ou melhor, de mim pra começar? - Dizia mexendo a cabeça para o lado, tentando insinuar que estava confuso -

Ignoro toda a situação, uma vez que fazer algum teatro não modificaria as ações da garota, então bocejo para espantar meu sono. Coloco minha maleta em minhas costas e me apoio nela.
- Até mais, Win. Nos encontramos novamente se o acaso permitir - sorrio cinicamente para garota.

Vejo as respostas dos dois e me distancio.
- Adeus. - Digo e saio correndo em direção à Taberna na qual eu estava.

Observo ela fugindo, ignoro e então pego mais um pedaço de carne e me encosto em um árvore indo dormir.
- Não sei o que aconteceu mas por mim tanto faz, desmaiar não descansa, boa noite.