Praça de Silange

Esta praça funciona mais como um jardim botânico. Muitas árvores com caminhos de pedras para caminhadas. Vários bancos longos de madeira, espalhados pelas trilhas abaixo das arvores. Porem tudo esta coberto com uma grande camada de neve.

Depois de horas andando a fio, havia encontrado uma maneira de burlar os escassos guardas posicionados ao redor da cerca de Silange e andava perdida pela cidade. Quando chego a praça, encaro as árvores com desinteresse, minha atenção ia para os bancos posicionados abaixo de suas folhas. Ando até o banco e, sentando-me dou um longo suspiro. Estava exausta e, descalça, meus pés estavam frios, não sentia-os mais.

Vill andava pela vila, sem rumo nem noção daonde ir. Seu corpo tremulava fortemente; Afinal, ainda não se acostumara com a temperatura daquela dimensão. Notei alguns bancos próximos daonde estara andando, e andejou até um deles, sentando-se rapidamente; Ao se sentar, posicionei meus braços por trás do banco, e começei a fitar o céu, onde fui abrir minhas pernas para se acomodar, e notei que estara sentado ao lado duma garota.

Fecho os olhos respirando fundo, quando sinto outra pessoa sentar-se ao meu lado. Parecia completamente alheio a minha presença e, incomodada, permaneço em silêncio, fechando os olhos e encolhendo-me levemente devido ao frio que atacava-me até os ossos.

Senti as pernas da mesma tremularem, e então deixei de fitar o céu para olhar a tal garota tremular. Soltei um suspiro, de decepção com a estranha, onde retirei meu casaco, e o movi até as costas da mesma, o colocando lá, e lhe dizendo

- Desacostumada com o frio?..

Olho fixamente para o menino ao meu lado.

- Eu nasci aqui, mas mesmo acostumada, o frio é desconcertante quando se fica exposto por muito tempo... - Com as mãos, puxo levemente o casaco, cobrindo-me com ele. Estava agradecida, mas não iria demonstrar isso. - E você, gigante?

Soltei uma pequena risada, ao ouvir o apelido que havia sido aderido á este; Fitei a garota no fundo de seus olhos, e lhe respondi, num tom de voz amigável

- Eu nasci, fui formado, e sou o Frio.. Não há motivos para eu temê-lo. - Virei meu olhar á neve no banco, e a peguei com minha mão direita - Eu nasci num local muito mais frio que este..

- Também estás a tremer - Digo, voltando a encarar o chão calmamente.

- É um tremor agradável.. Ele me representa, afinal. - Digo, assim voltando a fitar o céu, soltando um suspiro, já que estava cansado. Perguntei á mesma - Qual é teu nome, pequenina?

- Não sou pequena, você que é enorme - Digo irritada, franzindo o cenho. - Eles me deram um nome... Garth, eu acho. E o seu?

Dei uma risada ao ouvir as palavras da mesma, e sua irritação. Fitei-a nos olhos, e lhe respondi.

- Vill. - Voltei a olhar para a neve, apreciando a mesma visualmente, e lhe disse - Por que veio para cá?

- Já lhe disse, eu nasci aqui. - Respondo-o curta e grossa - O lugar onde eu vivia foi destruído, e se ficasse a vagar pela neve seria morta em poucos dias, ou pelo frio, ou pelos monstros.

Dei uma curta risada, e então voltei a fitar a neve; Soltei um suspiro, e lhe respondi

- O lugar onde vivia não foi destruido.. Entretanto, desintegrado. - Imaginei ele como se fosse hoje - Se ficasse a vagar na neve.. Você e sua família sumiriam, num instante, sem poder nem ao menos prever um ataque.

Enclino a cabeça para o ombro, encarando-o com os olhos confusos.

- Familia? Em momento algum disse que tinha uma.

Suspirei, onde então voltei a fitar o céu; A menina era mais fria do que parecia, heh. Fiquei a fitar o tal, e lhe respondi

- Foi um exemplo, pequena.. - Minha expressão demonstrou um pouco de tristeza - Nem mesmo eu tenho uma..

- Entendo - Baixo o olhar, encarando a neve sob meus pés. Fico por um longo período em silêncio. Batuto no banco com as unhas. Estava incomodada, afinal não era acostumada a qualquer tipo de convivência social. Volto a olhar para cima e depois para o menino, só então notara sua expressão triste.

- Se você não possui família, quem vivia com você?

- Monges, e Lutadores.. Da Neve. - Digo, voltando a fitar a mesma em seus olhos. - Eles me acolheram como um deles.. E me criaram.. E você?

Volto a encarar a neve, mantendo meu silêncio por outro longo periodo. Quando dou-me conta que ele havia me devolvido a pergunta, estico a mão no ar, próximo a altura de minha cintura quando estava em pé.

- Humanóides... Pequeninos. Não lembro-me corretamente o nome de sua raça, mas eram ridiculamente menores que eu, quase metade de meu tamanho - Digo calma, recordando-me com indiferença. - Mas, em compensação, o dobro de inteligência

- Eeeeh.. - Demonstrei uma expressão curiosa, ao ver o ato da mesma; Pensei por um momento, e então me surpreendi, respondendo-lhe - Você foi criada por anões?

- Anões... Sim, era assim que referiam-se. - Murmuro, dando de ombros. - Existe algum problema nisso?

- Ah, não.. - Fitei o céu, e lembrei da primeira vez que vi um anão; Um bêbado, porém corajoso guerreiro que vivia em minha dimensão, também Voidwalker. - Mas.. Eles estão extintos..

- Faz tanto tempo assim? - O olho com calma, fechando os olhos em seguida. - Lembro-me que o ataque foi a pouco tempo, violento, de fato. Duvido que alguém desta raça ainda viva. São inteligentes, mas possuem pouca força fisica.

- Discordo. - Digo, fitando a tal em seus olhos - Um dos melhores guerreiros de minha dimensão era.. bem.. um Anão.

- Sinta-se feliz por ter conhecido um caso a parte. - Me escoro no banco, afundando-me no casaco. - ... Obrigada pelo agasalho

Escutei as palavras da tal, e senti o mínimo de vergonha na hora, virando minha face para o lado oposto da mesma, e lhe respondendo

- Ehh.. De nada..