Zh'étin - Castelo

Olho para Henry e me ergo, voltando para perto do mesmo, seguro novamente na barra de sua blusa e olho para garotinha no chão, mordendo os lábios a pensar oque poderia fazer em relação a garotinha.

Vendo que a garotinha estava completamente perdida, demonstrei uma expressão de confusão, pois não sabia nem como tal garota conseguira entrar no interior do barco. Soltei um suspiro, e voltei á perguntar

- Você sabe como veio parar aqui?..

- Chegamos - Disse aparecendo nas sombras criadas por uma das tochas que iluminavam o navio - Tenho algumas coisas a resolver, se precisar de min, estarei no porto...

Saio da cabine em que estava com a atiradora e começo a caminhar pelo navio steampunk, chegando a proa. Olho ao meu redor notando a neblina que cobria aquela região e desço do navio. Chegando ao pequeno porto, me afasto um pouco dali, me aproximando do rio, observando os três monstros do mar se aproximarem de onde estou.

Me levanto, observando-a durante o processo.

Me abaixo mais uma vez, agarrando o prego de sua mão.
- Se levante, por favor. - Murmuro, me posicionando aonde ela estava.
 Uso o prego adquirido para retirar outro, agora apenas dois pregos paralelos sustentavam a caixa.
  Levanto-me, retirando o manto de cima de meu braço direito, deixando o exoesqueleto exposto.
   Me preparo, cerrando os punhos, suspiro, e, em um relance, disparo um soco contra a caixa da maçaneta, que estava pendurada, a fazendo cair no chão, e a porta, erguer-se com um barulho e se mover lentamente, deixando uma fresta para o interior da estrutura.

Cuidadosamente agarro a caixa, jogada no chão, retirando a maçaneta e a armazenando no bolso interior de meu manto, nunca se sabe quando algo daquela tecnologia possa ser útil por ali.


- Sussurro, passando minha mão pela fresta e empurrando a porta levemente, que se abre em um rangido. A luz de meus olhos se apagam, e eu dou um passo para dentro.

- Ok.. - respondo e ao vê-lo sair começo a retirar as armas presas á mim, deixando-as sobre a mesa. Por um momento tenho a leve impressão de ouvir um choro de criança, mas como ali era um local abandonado, provavelmente deveria ser o vento.

Percebo que a tal comecara a chorar novamente, e então estendo meu palmar direito á sua cabeça, onde a acariciei, na intenção de acalma-la. Assim, perguntei á ela outra coisa

- Entendi.. Você sabe onde está este homem?

Me levanto e, limpando a lama do jaleco que me cobria, me afasto da porta enquanto Hiro a abria com um golpe. Observo-o em silêncio guardar a maçaneta no bolso do manto. Sigo Hiro, andando alguns passos a sua frente.

Olho para a menina que tinha voltado a chorar, me aproximando novamente e me ajoelhando ao seu lado, observando Henry afagar-lhe a cabeça; fito-o, logo murmuro baixinho para ele ouvir;

- Acha que houve algo mais grave que isso? - depois, volto a olhar para a pequena que chorava, apoio uma mão no joelho dela, fazendo carinho com o polegar, pergunto baixinho - Hey, quer falar pra mim oque aconteceu? Não precisa chorar, você está salva agora. - sorrio um pouco. fitando-a.

Sai pela janela, contestando o frio que estava passando, pois a porta não se abria, e ele não sabia onde estava a chave. Passa pela porta principal, de novo se encontrando no corredor do barco de U'omill, se encosta em uma das paredes, e conversa por um momento, recebendo uma mensagem, ou melhor, um enigma do emissário, as palavras logo se esvaem da sua mente, e ele se sente tonto, se apoia na esquerda, em uma das paredes leves do barco, esperando para que aquele momento passasse, pois não se sentia bem, não conseguia se mover, a sua visão começa a ficar borrada. Senta no chão, ofegante, alguma coisa estava ocorrendo em seu corpo.

- Vá dar um passeio - Disse vendo o mais novo dos trés ir embora dali, cumprindo minhas ordens.

Olho para os dois colossos do mar remanescentes e aproximo minha mão deles. Em questão de segundos, estava puxando a alma dos mesmos, usando correntes próprias para isso, enquanto eles não podiam se mexer.

Após um pouco de esforço, consigo extrair as duas almas dos corpos dos colossos agora sem vida. Retiro dois pergaminhos de minha sombra e selo um corpo colossal em cada um. Me afasto do rio, já com os pergaminhos guardados e começo a ir em direção a fortaleza.

Narrador.

Por um momento a garota para de chorar e fica em silencio como se estivesse concentrada em algo, então volta a dar os pequenos soluços de choro.

Limpa as lagrimas com as pequenas mãos sujas de lama e encara Henry, paralisando com a pergunta. O corpo da pequena tremia, como se estivesse tendo uma lembrança, mas é distraída com a voz de Annie e por um momento fica a fitar o carinho no joelho.

Os dois poderiam sentir que a pele da menina estava bem quente.

- Ele... riu de mim... - A voz tremula e falhada, como se tentasse manter o pouco de calma. -... tinha cabelos dessa cor... - Apontou para uma parte do vestido que ainda estava branco. -.. e tinha uns "gravetos" na cabeça... - Gesticulava com as pequenas mãos arranhadas.

Se retraiu novamente atrás do urso.

- Não me faça lembrar dele... não quero lembrar das mãos dele...

- Ei. -
Murmuro, ao vê-la passar em minha frente.

- Sussurro, cuidadosamente dando mais um passo à frente, deixo a porta aberta, para que a pouca luz que emanava de fora possa iluminar o interior, que estava totalmente tomado pela escuridão.

 Em meio ao total silêncio, paro, ainda segurando a porta com minha mão, à procura de qualquer sinal que indique companhia não desejada.

- ''Shh''. - Suspiro, minha mão livre procurava Khatryn no escuro, e ao achá-la, a agarra pelo pulso, fazendo-a parar.

Ao escutar as palavras do mesmo, minha preocupação aumentou mais ainda, e com uma face de surpresa, perguntei á tal

- O que ele fez em você com sua mão?..

Continuo a afagar o joelho da menina, ouvindo oque ela falava, ficando cada vez mais preocupada e suspirando pensando em alguma poção para possível febre da garota, já que sua pele estava quente. Olho para as mãozinhas arranhadas e o corpo sujo de lama e seguro devagar na mão da menina;

- Henry... - o chamo, o olhando - quer leva-la para cabine? - murmuro, ponderando se era uma boa ideia, viro-me para ela - Quer limpar os pés? E depois, se quiser você pode nos contar oque houve. - lanço um sorriso meigo para a menina - Não iremos te machucar, eu prometo. - olho para Henry, procurando uma confirmação dele.

- Droga - Falo parando de andar, olhando para trás, vendo os dois navios encorados no porto. - Tsc, vou ter que voltar la... - Falo começado a andar em direção ao navio.

Virei-me á Annie, e lhe fiz um sinal com a cabeça afirmando tal questão, onde estendi minha mão á da tal garota, segurando-a gentilmente, e a ajudei a levantar do chão, assim levando-a lentamente até a Cabine, enquanto Annie viria junto. Então, ajudei a menina á sentar sobre a cama, e fiquei pensativo, olhando para a garota, pensando em quem seria o causador.

Caminhava atrás do dois, mexendo nos bolsos a procura de alguma coisa. Olho para garotinha e mordo os lábios, com o coração apertado. Vejo quando Henry a ajuda a sentar na cama e caminho até o banheiro, achando uma bacia e minha blusa antiga jogada em um canto, encho a bacia de água e pego a blusa e mais um pano, indo para o quarto.

- Se algo doer ou arder, me avise. - murmuro, abaixando-me em frente a pequena, molhando o pano na água da bacia e delicadamente limpando os pés e as pernas dela até a altura dos joelhos.

- Huh..

Parando um pouco para pensar, lembro-me de que Jason havia um anel igual ao deste, e a transformação seria idêntica ao do tal. Fico um pouco preocupado com a tal informação, porém mantenho a calma, e a respondo

- Não.. Eu não viro uma armadura.. Meu anel é diferente do dele.

Embarco o navio de titânio e começo a andar pelo mesmo, o adentrando maus a fundo. Andando pelo corredor, sentia algumas energias dentro do navio, sendo todas ou quase todas conhecidas.

- Essa aura... - Falo caminhando pelo corredor sem me importar com aquilo.

Adentro uma das cabines na qual havia me instalado e abro o armário, no qual começo a procurar algumas substâncias que tinha coletado a pouco tempo. Pego os pequenos frascos e os guardo, logo depois pegando um livro que tinha encontrada junto a alguns outros quando fuçava no armário.

Folheio rapidamente o livro e o guardo entre minhas vestes, logo saindo da cabine fechando a porta e voltando a caminhar pelo corredor.

Vejo que a garotinha reclamava de dor cada vez que o pano molhado tocava seus ferimentos, fecho os olhos e dou um beijinho em seu joelho;

- Desculpa... - murmuro baixinho, continuando a limpar os ferimentos da garotinha. Seguro em sua mão e limpo-a delicadamente.

Olho para a pequena, procurando algum ferimento mais grave, preocupada com oque poderia ter ocorrido. Desvio o olhar para Henry, vendo que o mesmo estava com a expressão séria e de preocupação. Volto a virar-me para a garotinha.

- Como é seu nome, mocinha? - pergunto baixinho com a voz soando calma para não deixa-la nervosa ou fazê-la chorar novamente.

Após deixar as armas na mesa, tranco a porta da cabine e entro no banheiro desta, apenas para um rápido banho.